quarta-feira, 26 de outubro de 2016

O Professor (texto crítico)

O Professor (texto crítico)


 Considero relevante falar deste assunto, visto que deveria-se falar mais vezes  a qualquer hierarquia social, a qualquer faixa etária, a qualquer tipo de profissional, a qualquer infantário, escola e/ ou faculdade, a alunos, funcionários e professores, cidadãos, portanto a qualquer pessoa.

 Sinceramente creio que a definição etimológica, educativa, social e cultural da palavra professor está a ficar cada vez mais imperceptível, cada vez mais torna-se mais complexo e difícil de se definir esta palavra, visto que, actualmente também se torna um pouco irónico tentar definir algo que tende a desaparecer, visto que cada vez mais estamos tecnológicos.
 Cada vez mais, a própria profissão de Professor é posta em causa por diversos factores que por vezes nem são propositados, por exemplo, é difícil um professor actualmente dar conhecimentos, cultura, saberes, curiosidades, conteúdos programáticos visto que cada vez mais está disponível na Internet as matérias que se dá em sala, em escola.

 Independentemente, da personalidade de cada aluno, creio que um professor não é uma mera pessoa que está sentada ou de pé a falar durante 45 ou 90 minutos, aliás nunca pensei assim, para mim um professor é aquele que consegue mudar a postura do aluno, consegue fazer com que o aluno tenha sentido crítico, tenha um pensamento activo, tenha uma mente aberta para inúmeras questões que possam surgir no dia-a-dia, tenha uma mente activa, fresca, sempre a par dos acontecimentos em Portugal e no Mundo, que tenha a consciência da realidade em que vive, que consegue dar dicas, ideias, ideais, valores, para que os alunos depois saibam como actuar perante uma sociedade cada vez mais industrial, tecnológica, erótica, criminosa, corrupta (tendo em conta os contextos que se aborda como é óbvio).

 Obviamente que há professores e alunos que são de uma qualidade inigualável, mas isso não tem que ser visto na sociedade como algo "raro", ou seja, se há notícias de professores que têm metodologias invulgares, criativas, apelativas são logo objecto de estudo quando a finalidade deveria ser essa, ou seja, se o mundo está em constante transformação o ensino tem que se adaptar o melhor possível.
 Aliás o Ensino e a Educação deve acompanhar os sinais dos tempos, mas os próprios conteúdos programáticos de todos os anos (da 1ª classe ao ultimo ano de um curso superior) deve acompanhar os sinais do tempo de forma equilibrada e adequada à evolução dos tempos.

 Os professores em geral (claro que há excepções) não são meros intermediários de conhecimentos, ou seja, não se devem limitar a transmitir os conhecimentos mas sim preocuparem-se com cada aluno, obviamente que não é fazerem o papel dos pais, mas sim perceber o aluno para lá disso: de ser aluno!, ou seja, perceber se, se passa algo, se está bem, se tem problemas de aproveitamento, se tem problemas de saúde, se tem baixo auto-estima, se é ou não uma pessoa confiante, portanto todos estes factores devem ser explorados pelos pais claro, mas também pela comunidade escolar, falo por experiência própria.

 Desde do meu 7º ano até ao 9º ano eu era um aluno razoável, mas tinha baixa auto-estima até que isso mudou definitivamente, pois a minha Directora de Turma que também era professora de Educação Física e tinha 6 turmas durante dois 2 anos lectivos deu-me uma ajuda incrível.
 Basicamente o trabalho desta professora em relação a mim, foi nos intervalos, nas horas de almoço e nas horas de Formação Cívica perceber o que estava mal em mim, dava-me títulos para eu desenvolver, incentivava-me a escrever para libertar o que eu sentia de mal, de angustiante, falava comigo nos intervalos o mais possível, dava-me temas ou desenhos para fazer em casa à vontade, porque eu tinha um caderno especifico, esta professora através de uma caderno de linhas que eu comprei foi-me orientando de várias formas, feitios, o resultado disto tudo foi que me tornei uma pessoa muito mais confiante, mais alegre, mais feliz, mais divertida, e cada vez mais acredito em mim e o melhor para além disto tudo é que ainda falo com esta professora.

 O que se quer...é isto mesmo, ou seja, é os professores interessarem-se pelos alunos, e não fazer dos alunos pessoas todas iguais e portanto a matéria é como tivesse a ser dada a robots.
 Aliás um dos grandes objectivos de um professor é saber lidar com várias personalidades, várias pessoas, e muitas vezes é isto que acaba por desgastar mentalmente e fisicamente um professor, visto que tem que lidar com vários alunos, e estes alunos têm várias personalidades!

 A sociedade muitas vezes é injusta porque julga os professores sem saber, sem perceber o quão complexo é dar aulas, aliás é preciso ter-se um grau minimamente considerável de humanismo, de psicologia, de moral, de ética, de compreensão, de valores, de força/esforço mental e físico para se leccionar, claro que alguns professores só lhes interessa o dinheiro ao final do mês, mas atenção que também há professores que se dedicam imenso ao ponto de terem esgotamentos e/ou depressões que surgem por diversos factores, depois também há questão dos tipos de alunos que existem numa sala de aula.
 Existem aqueles alunos demasiado loucos pelas médias que vivem excessivamente para isso e é como a vida profissional dependesse disso, não digo que não, mas não concordo de todo, pois esses alunos mais cedo ou mais tarde quando falham em termos escolares, profissionais ou  até mesmo em relacionamentos amorosos parece que perderam tudo, ou seja, exigem demasiado deles próprios, sei que não é novidade isto que eu digo mas é o que cada vez mais o que se verifica nas escolas portuguesas - a "luta" pela(s) melhor(es) média(s).
 Os outros alunos, os "médios", são aqueles que nem são loucos pelas médias mas também não são indiferentes à escola, fazem os testes, as disciplinas assim pela rasa, ou seja com classificação média e não tem aquela garra de querer aprender mais, de querer saber mais, de querer descobrir mais e melhor o mundo que os rodeia.
 Por fim, temos os alunos indiferentes que são aqueles que estão por estar nas escolas, com o telemóvel em mãos constantemente, que nem caderno têm, que se for preciso e com bastante frequência fazem frente ao professor, não percebendo que por lei efectivamente há hierarquias mesmo na Educação.
 Portanto perante este tipo de alunos/turmas é complexo todos os dias, os professores acordarem com uma energia completamente renovada e darem aulas como fosse o primeiro dias de aulas, em que tudo parece feliz, com vontade e com garra.
 Atenção não estou aqui a tentar transmitir que os alunos são maus aos olhos dos professores ou vice versa, o que eu estou a tentar clarificar é que o Professor enquanto profissão não é devidamente valorizado, acho que nunca foi...talvez...quer dizer talvez tenha sido para àquelas pessoas que se tornam grandes na sociedade.
 O grande prazer, gosto, desejo, empenho que um professor deve ter é precisamente este: fazer dos seus alunos excelentes adultos de amanhã. pois muitas vezes os alunos questionam o porquê de se ter que ir à escola, a importância da escola, o tempo que supostamente "é perdido" entre outras questões que algumas são fundadas outras infundadas e portanto cabe ao professor quebrar estes mitos, estes erros.
 Vejamos um exemplo muito prático: muitas vezes os Professores vão para as aulas como que automatizados, ou seja, um robot que debita palavras seguidamente e que consegue fazer pausas, o que eu quero tentar dizer com isto é que os professores devem o mais possível serem invulgares, diferentes, "estranhos" ou até mesmo excêntricos como dão as suas aulas e porquê? Porque se formos por um padrão tradicional de educação as crianças não vão mostrar interesse, mesmo aquele aluno que tira tudo 5 e 4 nos testes e na pauta das notas tem momentos de "fraqueza" ou seja, desatenção e portanto quando mais activa,  invulgar e participativa for uma aula melhor, ou seja porque não os alunos tentarem criar entre eles um diálogo gerido pelo Professor sobre a matéria que está a ser leccionada? Porque não visitas de estudo? (quando justificadas num determinado contexto), Porque não fazer jogos para se compreender a matéria? Por exemplo...um exemplo perfeito do que eu quero transmitir: as visitas de estudo!

 As visitas de estudo, em certas disciplinas e em certas matérias são perfeitas de se fazer pois se compreende na prática o que se aprendeu na teoria, mas infelizmente visitas de estudo significa ás vezes (quero salientar: ás vezes) falta de atenção, brincadeiras, barulho, não trazer materiais para apontamentos e os alunos só se apercebem da importância das visitas de estudos quando os professores pedem um resumo da visita, ou seja, alguns alunos vêem nas visitas de estudo uma oportunidade excelente para não fazer nada e para estar à conversa, entre outros factores, mas volto a salientar: há alunos diferentes e interessados.

 Para concluir este meu artigo sobre os Professores, quero dizer que obviamente que muito já se conseguiu aos longos destes anos todos assim como há coisas que ainda falta melhorar (como tudo na vida), como por exemplo: como é que os alunos irão respeitar os professores se os pais destes ameaçam os professores? Temos pais e mães que acham isto e aquilo dos professores? Eu percebo os pais, afinal um pai e uma mãe vão sempre estar do lado do filho nunca do lado oposto, mas...até que ponto é válido a opinião e uma suposta "verdade" que as crianças juram a pés juntos? Até que ponto a criança está a dizer a verdade? Até que ponto os pais têm ou não credibilidade para por em causa os professores? Quais são os fundamentos/argumentos que os pais têm ou usam para se acharem acima dos professores? Porque é que alguns pais têm necessidade de falar directamente com os professores? Vocês (que estão a ler este meu artigo) têm a vossa opinião eu tenho a minha e acho que há muito caminho pela frente que deve ser compreendido, explorado, debatido e só depois concluído, ou seja, não podemos falar das "feridas" que existem em ambientes escolares sem perceber os contextos sociais entre outros aspectos.  


Autor: Carlos Cordoeiro.

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