sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Poema Amigos De Guerra

Posso eu querer que sejas lutador
por uma causa, por um meio,
por uma vida, ou várias que tu
vês em completo lago de sangue todos os dias;
Posso dar-te força para ires
mas a partida faz das minhas lágrimas
saudades, faz da minha saudade dor
que cada dia aumenta mais por ter medo
de nunca mais te ver, de perder um Amigo;
Posso tentar incentivar-te a seres grandes lutador
a pegares na arma e fazeres dela uma justiça
em que tu supostamente acreditas
fazeres dessa arma um meio de chegares a uma justiça
estranha;
Posso dar-te energia e palavras de boa  sorte
mas o meu coração vai ficar logo apertado
no momento que entrares nas grades do quartel
e saber talvez que podes nunca voltar;
Posso acreditar em ti através da fé e das memórias
mas quando voltares e se voltares,
talvez já não saibas quem eu sou
talvez já não saibas que somos Amigos
talvez já não sejas inteiro como corpo, talvez venhas apenas
com uma perna, com um braço, com o rosto alterado
e os olhos incendiados por verdades que te fizeram apagar deste mundo.


Posso-te desejar tanta sorte, e dizendo para
me ires escrevendo, mas a minha boca irá tremer de medo,
e saudade, de amizade, de sentimento, que irei-me
desfazer de lágrimas por ficar ansioso todos os dias
dias  estes completamente angustiantes em saber se foste atingido ou não;
Posso-te fazer um discurso de moral e da paz
mas nada disto importa se estás determinado,
nada disto importa se tu consideras um lutador,
nada disto importa se pela arma encontras justiça,
mas eu encontro dores constantes de quase perder um amigo
e se te perder? O que eu faço? Faço o teu funeral?
Faço o funeral de um Amigo?
Faço o funeral da coragem? da bravura?
Coloco-te flores ou simplesmente choro?
Choro por não te poder ver mais? Choro pela saudade?
Choro pelo silêncio que irá ficar?
Choro pela ausência que irá ficar?
Choro pelas lembranças que vou ter por ti?
Por tudo isto quero-te perto, quero-te como Amigo, como sempre.


Por isso posso pedir-te para continuares meu Amigo
não te quero ver em guerra,
não quero ver teu sangue puro derramado,
não quero ver teus olhos estáticos, sem vida,
não quero ver-te parado, sem te puderes mover,
não te quero ver como mais um corpo no meio de outros,
não te quero ver como um resto de guerra,
não te quero ver como tenho receio de te ver,
não te quero ver como nunca imaginei, porque os Amigos
não morrem, os Amigos duram, como o sol que brilha todos os dias,
os Amigos são tão longos como os dias mais longos,
os Amigos são tão sublimes como uma abelha numa flor,
os Amigos são tão belos como uma manhã de nevoeiro e raios de sol;
os Amigos são todo o brilho que brilha
juntamente com todas as estrelas que vejo e admiro
por isso não morremos porque somos estrelas.


Autor: Carlos Cordoeiro.

Sem comentários:

Enviar um comentário